quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

As formigas

Sempre me impressionaram as formigas. Dizem que nenhuma espécie é capaz de manter-se de pé ante um ataque em massa seu. Li, há muito tempo, em algum canto, que elas muito se assemelham aos homens, que possuem um sistema corporativista, por assim dizer, extremamente complexo e que, além de tudo, exercem a escravidão. Mas não sei se foi por isso que senti medo naquele instante. Jamais poderia garantir. O carro parou, paguei, saí: nem bem abri a porta da sala, estaquei diante duma trilha densa e fervilhante de negras formigas.

Um terrificante calafrio percorreu meu corpo.

Considerei, ao cabo dalguns segundos, a impossibilidade de se decidir de onde chegavam e para onde tencionavam ir. Minha cabeça latejava e eu sentia persistente tontura, direitinho um marinheiro ébrio chegando de dificultosa viagem.

Posso, no mais de minhas forças, regressar algumas horas no tempo de minha tortuosa história; mais que isso seria organicamente inalcançável. Se quisesse poderia lembrar o rosto do chofer que me trouxera e, com algum esforço, talvez até sua voz pudesse recuperar. Não poderia, entretanto, precisar como fui parar no centro da cidade, e como fui embrenhar-me na cavernosa taverna em cuja mesa despertara com a cabeça em ponto de explosão. Fuço a memória com toda energia de espírito que me resta e, contudo, não sou capaz de compreender a raiz desse mistério. De todo modo, agora mesmo, já não me resta tempo. Sei que errei por becos e ruas em total escuridão. E somente quando achei uma avenida principal, pude perceber que meu relógio de pulso, presente de Pietra, havia sido roubado. Ou, pelo menos, foi o que me ocorreu naquela sinuosa hora que eu sequer conhecia. Andei muito até poder reconhecer onde me encontrava; foi quando um táxi parou e, com mais calma, pude rumar para casa.

Sentia-me, todavia, horrivelmente posto em mim, como se não tivesse mesmo em pleno domínio de meu corpo; mas como se tivesse sendo guiado por algum movimento sonâmbulo de pernas, em meia lucidez. Fui à cozinha atrás de água que aplacasse minha sede. E não foi pouco meu espanto ao perceber o assoalho tomado pelas formigas. O chão xadrez, em certas áreas, quase não se distinguia. O mais estranho, porém, era a maneira como se movimentavam e organizavam, parecendo mesmo um todo consciente, orquestrado: saiam de todos os ângulos do cômodo e de debaixo de todos os armários e tapetes, e avolumavam-se e seguiam.

A trilha parecia ficar mais vultosa a cada segundo; e, de fato, as formigas , agora, surgiam de todos os lugares, e a marcha era afigurou-se ameaçadora, hostil.

Segui o extenso pelotão, cada vez mais assombrado com todo aquele volume. A rigor, quanto mais luzes se acendiam, mais formigas apareciam: de todos os buracos e gretas, formando uma horrível serpente cujo corpo ziguezagueava por toda a extensão de minha casa. Um ruído contínuo se destacava de todo o alvoroço, qual água em ebulição.

Com dificuldades, pude subir as escadas, apavorado; decerto só o horror me movia. A cobra gigantesca entrava pela porta de meu quarto e só então me lembrei de Pietra. E era impossível avançar mais. Da porta, no entanto, pude ver a pior cena de minha existência e, sabia, não era pesadelo. Pietra estava morta, com os olhos arregalados e meu punhal atravessando seu tórax, cravado na cama. As formigas já lhe tinham devorado os pés, subido pelas pernas, tragado as coxas, e, então, entravam em Pietra e lhe arrancavam as entranhas.

Caí, sem vida, no chão.

Despertei gritando com todo o fôlego que havia em meus pulmões, mas, outra vez, silenciei: minha cabeça estava repousada no colo de Pietra, e ela cuidava do ferimento em minha testa.

Quando recuperei, como pude, o senso da razão, percebi que havia algo de estranho com minha mulher. Seus olhos haviam perdido a cor de avelã e concentravam-se inteiramente negros em cima de meu rosto. Ela não untava meu ferimento com iodo; passava, antes, sua língua furtivamente por sobre meu sangue, sugando-o e me encarando com funesto olhar.

Seus braços pareciam mais longos e mais finos; mas eu, por minha vez, não me importava, estava entregue: bastava-me permanecer em seu domínio. Vi brotarem de suas costelas dois outros braços, mas isso também não me incomodava, estava emaranhado em Pietra; sentia que, às vezes, cochilava e sempre que recobrava a lucidez, Pietra parecia mais desfigurada. Antes do sono me levar para sempre, só pude imaginar que talvez a maior semelhança entre as formigas e a humanidade fosse a sede de sangue.

sábado, 12 de outubro de 2013

A musa fracassada

Estou sem minha mulher. Melancolicamente sem minha mulher. Estou sozinho: meço-me com metódico desinteresse diante do espelho. Provisoriamente permaneço humano. Ainda não me transmutei em sinistra mitologia. Ao som apagado de minha respiração, meço-me: diminuo e cresço. Abandono-me diante do meu coquetel de nada. Estou sozinho. Minha mulher é uma multidão: sou rústico, enquanto ela jaz, toda adaptada à sua época. Sou um passo atrás, ela é um passo de dança. Eu sou uma pedra, ela é uma mão. Sou a boca, ela é o sal. Sou míope, ela é tão bonita. É a menina mais promissora. É feminista, é indigenista, é latino-americana. Um quadril, um braço, um olho, uma orelha. Ela é futurista, ela é futurista.

Sou precário: apresento-lhe a mesmíssima rima branca. Mas ela é extática: traz-me os lábios vermelhos como se fosse figura de fábula. Eu definho, ela desfila. Ensaio pequenas rebeliões: deixo de ser, volto a ser, fecho-me e desfecho-me. Finjo-me refeito, finjo-me refém. Refaço-me, pulverizo-me. Mais tarde, outra vez: apenas sou. Ela, exibicionista: soul.

Meu ofício é insustentável, é estéril: nada comove esta dama de titânico rigor, de malévolo sorriso; ela tem ideologias, tem enigmas insondáveis. E meu dever diante dela mantém-se infecundo: pois os relances plásticos não remontam, por assim dizer, outra mulher mais analisável. Tal qual a matéria que resiste a ser matéria. À injeção de luz, toda se desmancha: é uma manteiga derretida. É um sistema. É uma tese. Uma antítese.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Acordar

Acordou cedo neste dia. Fora dormir tarde, e, por pirraça, seu sono não foi dos melhores. O pão, como de costume, estava em cima da mesa enrolado no papel madeira de todos os dias. A mãe não estava em casa, estranhou a ausência de um bilhete pregado na geladeira, ou outra coisa que indicasse seu paradeiro. Notou isso de forma quase inconsciente: estava meio trôpega e a luz que se coava pela janelinha da cozinha não iluminava muito bem. Sentia uma tristeza esquisita. "Ânimo, Ana", disse de si para si. Era quase sete, entrou no banheiro e ligou a água quente. Ficou espiando com um olhar besta o vapor se libertando da cascata que caía. Tirou o pijama e finalmente entrou em baixo da água.

O banho não surtiu muito efeito, saiu cerca de quinze minutos depois com uma toalha na cabeça e outra lhe envolvendo corpo delicado. Trocou-se com preguiça, mas conservou a toalha da cabeça, passou colônia e foi para a mesa. Tencionou abrir a cortina da sala para iluminar por associação a cozinha exígua. Mudou de ideia. Trazia certo conforto ficar na penumbra. Tinha de sair às oito e meia para dar uma aula de inglês. Passou manteiga e comeu metade de um pão sem perceber que não tinha fome alguma. O café estava quente e forte, o café da mãe sempre fora forte. "Veja, Maria, este passarinho". Eram palavras do pai. Lembrou-se dele, morrera há um ano o pai. Chegou a pensar que tinha escutado deveras sua voz firme. Fazia três meses que não ia ao cemitério; visitar o túmulo do pai lhe consumia demasiado.

"Talvez devesse ir hoje", pensou, poderia ligar para o aluno e lhe comunicar que surgira um imprevisto, remarcaria a aula. "Não, minha filha". Dessa vez tinha certeza, escutara mesmo a voz do pai. Não ficara assustada, essas palavras vieram seguidas de um suspiro tão habitual que tal familiaridade lhe deixou segura. Não falou nada, ficou auscultando, atenta. Fez-se silêncio longo. Abaixou a vista, ficou meia dúzia de segundos mirando o pedaço de pão em cima da xícara que já não fumegava tanto. Levantou a cabeça e lá estava o pai, sentado na outra ponta da mesa. Roía um caroço de tucumã já quase sem polpa. Olhava cândido para ela. Em seguida, sem pressa alguma, levantou e chegou perto. Beijou-lhe a cabeça. Tinha o cheiro familiar de madeira seca que Ana tanto amava. "Vou dormir um pouco, minha flor miúda", foi o que disse.

Acordou cedo, não dormira muito, porém sonhara com o pai. Estava alegre, tinha aula daqui a pouco.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

poeminha do homem pra mulher

Um homem de papel e de lata
cujo coração culmina na ponta de um punhal de prata
um homem que escreve bilhetes dilacerados e distribui pelos cantos empoeirados da vida
um brasileiro roto com muito gosto
um poema longo sem mais delonga
um Congo sem la conga
um rombo sem estrondo
um Rambo e um fandango

A estrela do riso e do choro

Era uma caixa. Isso era imutável. Não sabia, porém, por que tanto me perturbava aquele objeto. Não poderia precisar por que aquele cubo, aparentemente, sem cor definida jazia sobre minha mesa: intransponível, inseduzível. Decerto eu estava com a percepção alterada pelo álcool ingerido na hora anterior, porém aquela caixa, em suma, era real. Não havia, no entanto, qualquer indicação de remetente.

Meu hábito de não passar a tranca na porta deve ter facilitado a vida de meu visitante sem nome. Não podia ser Pietra, ela estava fingindo-se magoada demais para tramar qualquer tipo de trote. Caminhei até a pia da minúscula cozinha contígua e untei a têmpora com água fresca. Lavei as mãos, depois todo o rosto, até a nuca.

Quando regressei à mesa pude constatar que a caixa estava com a superfície levemente aquecida. E, sobre uma de suas faces, desenhavam-se com caligrafia impossível as seguintes palavras "estrela do riso e do choro". As letras pareciam estar num processo de contínua fluidez, vermelhas como sangue. De imediato entendi o que se passava, era a Loucura que me chegava, assim como foi com meu pai e com meu avô...

domingo, 9 de junho de 2013

A espera

Considerei por fim que o céu é uma instituição cínica, dissimulada. É, de um só tempo, vários e uno, pardo e alaranjado, chuvoso e crepuscular; por vezes é madrugada densa e, num átimo, uma manhã asseada e juvenil. Tudo isso, sem deixar de ser o mesmo zombeteiro enigma que paira sobre a vida com uma indiferença irredutível, como um casco. É a mesma entidade expectante e desastrosa. E foi este céu a minha testemunha de tantos anos desperdiçados em vão pensamento, em um embalo opaco e triste, tal qual o ritmo em que dançam todos os pobres-diabos destinados a solidão.

Deixei-me estar quase perfeitamente inerte na varanda de Pietra, fumando e olhando o tráfego de solitários transeuntes que passavam lá embaixo, parecendo figurantes de cinema mudo; e tudo parecia mesmo um eterno ensaio preto e branco que só não era pleno porque se sobressaia o cinza desse jogo xadrez, o cinza que cobria tudo. E meu corpo estava coberto pelas cinzas de meus cigarros, que preenchiam também o chão e o ar já tão precariamente respirável. Todavia não deixei de esperar. Em algum momento Pietra não deixaria de chegar, eu estava certo disso; esperaria até o fim. Então esperava insensível aos gracejos dos fantasmas e dos demônios, dos anjos e dos santos, tampouco me inspirava algum temor e presença resoluta dos assassinos de aluguel que passavam rente a mim, assoviando melopeias de morte, estalando pistolas de prata.

Esperei por anos; quando o cigarro acabava, mendigava os trocados dos burgueses com a mesma falta de pudor que catava restos de comida nos latões de lixo que formavam fileiras intermináveis naquele bairro de mexicanos. Pietra insistia em não chegar, por vezes até cogitei com tristeza que estivesse morta, ou que algum lunático lhe tivesse feita prisioneira, todavia logo rechacei essas ideias precipitadas, Pietra nunca se deixaria prender ou matar que não por minhas mãos.

E assim foi, chegou com tanta naturalidade que quase acreditei que eu é que entrei a esperá-la cedo demais, que ela estava perfeitamente pontual. Sorriu-me seu riso de louca e passou as pontas dos dedos em meu rosto sujo e roçou-me nuca, por debaixo de minha cabeleira morta. Empurrou a porta que estava apenas encostada e me fez entrar. Era tão bela que tive pena de mim. Os olhos grandes me olhavam com malícia enquanto eu sondava sua boceta com as mãos trêmulas, nossos lábios quase colados. “Como está velho”, disse-me Pietra depois que descolei minha boca de seus seios mansos. “Assim estou por ti”, disse sabendo que isso a lisonjearia e que ficaria substancialmente mais tarada de amor. Ela me sorriu e me aconselhou que deixasse de preciosismo, pois muito ainda tínhamos por esperar, pois outros como nós estavam a caminho e deveríamos povoar o mundo com nossa estirpe, enchê-lo de ervas daninhas a fim de equilibrar o mundo dos deuses, pois sim, alucinada, dizia que éramos deuses e capachos dos deuses e dos mortos. Deu, do meio para o fim, para falar em algum idioma indecifrável, e eu só a entendia mesmo pelos seus trejeitos mudos, e seus pedidos e comandos de olhares. Então nos pusemos a esperar que chegasse a grande catástrofe, enquanto eu a matava milímetro por milímetro, todos os minutos.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Marieta

Deu-me um beijo Marieta
Deu-me um bocadinho de amor,
Pediu-me qualquer coisa para enfeitar-lhe o pescoço
Beijei Marieta na boca
Um ônibus fazia barulho lá na rua toda preta
Marieta ofereceu-me o seio
Para que eu chupasse e tivesse sorte na vida
Amei Marieta por meia hora
Em um motel de luz fraca.
Sem luxo nenhum Marieta deu-me
O suor de seu corpo,
O gemido de sua alma operária,
Foi embora Marieta.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Andróide

Olhei para meu amigo e ele dormitava com a cabeça caída para trás, como se tivesse sido degolado. Tomei um bom trago da cerveja quente e me aprumei no banco. Que horas? Não podia dizer; decerto entre duas e três. Ainda apalpei os bolsos da jaqueta inutilmente. Pois não ignorava que meu telefone havia sido roubado duas semanas atrás num bordel parelho a este. Com música igual à música deste. Assim como idênticos também pareciam ser os clientes obtusos e as prostitutas gordíssimas.

Eram deste tipo, os estabelecimentos que frequentávamos, meu amigo e eu. Não que eu fosse um amante do underground, mas no fim, éramos pobres, e achar um lugar onde se pudesse beber quase de graça sempre é agradável a um imigrante.

─Pessoas medonhas, cochichei para meu amigo.

Falei mais para me certificar que ele dormia que para qualquer outro fim. Ele se dignou apenas a emitir um ronco gutural. Levantei-me e fui até o barman que estava com a cara carregada de enfado. Perguntei por um telefone.

─Achando que isso aqui é cinema, cowboy?

E a sua feição de abade severo acabou por transmutar-se num riso desdenhoso e muito feio; com os beiços esticados, ele indicou meu assento vazio e entrincheirou-se em um possível compartimento atrás de si, uma portinhola camuflada por uma lona grossa. Encabulado e sem ter mais o que fazer, voltei para meu lugar. Mais uns goles, um cochilo leve.


Eu vi o exato momento em que a puta se aproximou do homem. Mas, de fato, não pude conceber por meio de que artifício aquela criatura prateada fora pousar ali rente ao balcão. Quis cutucar meu amigo, mas logo apareceu outra mulher, esta também gorda e insolente.

Era um sujeito de lata, oxidado no pescoço e nas pontas dos dedos. Todo prateado no resto, trazendo, onde deveria estar seu estômago, uma cavidade poligonal aberta. Na caixa, um coração enorme. Coração de homem; ou talvez fosse de um touro. Um coração vermelhíssimo. E os olhos viravam o tempo todo e para todos os lados, em agonia. Mas o homem parecia sereno, protegido em sua couraça. Intermitentemente abanava-se para livrar-se dos gracejos das putas que tentavam mordiscar-lhe a orelha, ou roçar as mãos entre o as pernas de frio metal. Falar, não falava. Logo vieram outras mulheres. E se acercaram dele.

─Que foi? Está doente?
─Eu cuido de você!
─Vem cá, coisinha estranha, disse uma puta com peruca loura.

Alvoroçavam-se, beliscando-o e hostilizando-o com aquele humor pecaminoso das putas. E o espetáculo já chamava a atenção dos estúpidos clientes do bar, todos se aproximando com a cautela dos gatos. E as mulheres começavam fustigá-lo com real violência. E alguns dos homens já soltavam pequenos urros à medida que elas aumentavam os palavrões. Neanderthalensis. Eu sacudi meu amigo, mas ele caíra sem vida junto aos meus pés, o bêbado. E eu estava deveras nauseado com toda aquela noite, com todas aquelas mulheres. Havia meses que não amanhecia naquela cidade. E eu só queria esquecer tudo. Mas não era possível.

O barman reapareceu. E agora, parecia trajar um uniforme militar. Bateu traiçoeiramente na cabeça do Androide com uma garrafa que estilhaçou. O homem-de-lata caiu num só movimento chocando-se violentamente contra o chão. Gargalhadas gerais.

Quando se ergueu, as mulheres começaram a devorá-lo, davam dentadas e o metal rangia dentro das bocas abertas. Ele se contorcia de dor enquanto elas lhe engoliam a tecnologia, e lhe expunham o interior steampunk, e lambiam os beiços e riam feito hienas.

O boneco gritou. Um berro animalesco, livresco, que divergia de seu corpo trôpego e vago. E eu vi horrorizado o coração murchar como uma bexiga, e se torna árido e sem vida. Os restos do Androide despencaram aos pés de todos, e mantiveram-se espalhados e em desordem.

Meus amigos estavam todos doentes.

Mas no fim, alguém haverá de olhar para trás, e se não houver muito cansaço, talvez reflita, trace obscuras analogias, se apiede, chore, escarneça. Talvez. Pois nós só queremos apagar o riso e fechar a rua. Era uma vez, mais um bar sujo e sem iluminação como todos os bares que frequentávamos, meu amigo cara-de-bode, e eu, cara-de-ratazana. E nosso lixo permaneceu caótico pelo chão.

Gargalhadas gerais.

(inspirado em "Cara estranho", Los hermanos)