quarta-feira, 18 de junho de 2014

Entrevista com o diabo

Tua matéria
tua nuca
tua correia de fogo

Ocupo-me apenas
disto e de pouco mais:
teu semblante, pois,

É esta lâmpada
(neste ponto teus dedos inaugurariam
toda uma flora na Bahia

teu eterismo nenhum
teu cavalo-de-pau
o movimento de teu ombro)

Mas é exiguidade
tudo o que vejo, tua face,
um lampião na destra do diabo

que finalmente me encontra
de tanto que procura, imóvel,
em meu quarto, para certa entrevista

Com terno velho
unhas roídas
avança, pé ante pé,

Erguendo tua cabeça
e pára, rente a minha escrivaninha,
de lá de onde me vê:

Olha, franze o cenho, cospe no chão
diante de meu maravilhoso
tédio de topázio

Diante de minha
maravilhosa inércia mineral
(e sai, sem proferir palavra)